sábado, 23 de julho de 2011

Titãs


Nome da banda: Titãs
Ano de formação: 1981
Local: São Paulo/SP
Integrantes:
Gênero: Pop Rock Nacional

HISTÓRIA
Por Hérica Marmo e Luiz André Alzer
No fim dos anos 1970, em plena ditadura militar, um colégio em São Paulo se tornou um dos poucos pontos de resistência cultural. No palco do Equipe se apresentavam artistas de peso da música brasileira como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Clementina de Jesus e Cartola. Com essa efervescência, foi natural que os jovens com interesses artísticos acabassem se aproximando e criando espaços próprios. O evento "A Idade da Pedra Jovem", promovido por essa turma em 1981, marcou a estreia de Sérgio Britto, Arnaldo Antunes, Paulo Miklos, Marcelo Fromer, Nando Reis, Ciro Pessoa e Tony Bellotto num mesmo palco. Juntos, eles formavam o grupo Titãs do Iê-Iê, uma brincadeira para descontrair uma programação apresentada por gente com mais experiência do que aqueles meninos.

O que era para ser apenas diversão começou a ser encarado mais seriamente no ano seguinte. A estréia oficial dos Titãs do Iê-Iê, devidamente ensaiados e com repertório próprio, aconteceria no dia 15 de outubro de 1982, no Sesc Pompéia. A essa altura, Branco Mello já havia se integrado ao grupo e André Jung, assumido a bateria, instrumento que Nando Reis tocara na "Idade da Pedra Jovem" por pura falta de opção. Com nove músicos no palco, entre eles seis vocalistas, a banda chamava a atenção. As canções eram criativas (misturavam influências que iam da MPB ao rock, passando pelo samba, reggae e new wave) e o visual, extravagante (com direito a roupas com cores fortes, maquiagens e penteados originais).

Durante dois anos, os Titãs do Iê-Iê percorreram o circuito underground paulista, se apresentando em lugares tão ecléticos quanto o som que mostravam no palco. Não demorou muito para que a performance do noneto despertasse a atenção de uma gravadora. Mas antes da assinatura do contrato com a WEA, ocorreram duas mudanças: Ciro Pessoa se desligou da banda e o Iê-Iê (que sempre era confundido com Iê-Iê-Iê) foi descartado do nome do grupo. O primeiro álbum, "Titãs", foi lançado em agosto de 1984 e trazia "Sonífera Ilha", um verdadeiro fenômeno radiofônico. Uma das músicas mais executadas naquele ano, a faixa levou os Titãs a fazerem sucesso em outros estados do Brasil, além de ter ajudado a banda a realizar um sonho antigo: aparecer na TV, em programas consagrados apresentados por Chacrinha, Bolinha e Raul Gil.

O grupo começou 1985 com um novo baterista. Charles Gavin assumiu as baquetas no lugar de André Jung. Com a nova formação, os Titãs entraram em estúdio para gravar seu segundo LP. "Televisão", produzido por Lulu Santos, chegou às lojas em junho daquele ano e emplacou os hits "Insensível" e "Televisão". Como aconteceu no primeiro disco, as vendas foram modestas, mas isso não seria a pior lembrança que a banda guardaria deste período. No dia 13 de novembro, Tony Bellotto e Arnaldo Antunes foram presos com heroína. Arnaldo passou 26 dias na prisão e ambos foram condenados. O cantor por tráfico (por ter passado heroína para o guitarrista), e Bellotto, por porte de droga. Sem antecedentes criminais e trabalho declarado, cumpriram a pena em liberdade.

Os Titãs deram a volta por cima no disco seguinte. "Cabeça Dinossauro", lançado em junho de 1986, foi um soco no estômago da hipocrisia com suas letras contundentes. O álbum, que marcava a estréia da parceria com o produtor Liminha, pela primeira vez traduzia no vinil a pegada que a banda tinha ao vivo. Os Titãs puderam sentir a força do LP já no show de estréia no Projeto SP, quando o público cantou todas as músicas, numa época em que as rádios ainda se recusavam a tocar o repertório ousado do disco. O álbum já tinha garantido o primeiro disco de ouro dos Titãs, quando as emissoras se renderam. Além de "Aa Uu", "O Quê", "Homem Primata", "Família" e "Polícia", algumas rádios se davam ao luxo de pagar multa para tocar "Bichos Escrotos", que tinha a radiodifusão proibida pela censura. "Cabeça Dinossauro" bateu a marca das 300 mil cópias vendidas e caiu nas graças da crítica. O disco ficou no topo das principais listas dos melhores daquele ano e até hoje é apontado com um dos mais importantes da história do rock brasileiro.

Em novembro de 1987, "Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas" saía do forno superando todas as expectativas. De um lado do disco, a continuação do rock pesado do "Cabeça", em músicas como "Lugar Nenhum", "Desordem" e "Nome aos Bois". Do outro, mais inovação: o sampler, uma novidade naqueles tempos, dava um tom eletrônico a "Todo Mundo Quer Amor", "Comida" e "Corações e Mentes". A banda ousou novamente ao decidir fazer o show de lançamento do novo álbum em pleno Hollywood Rock de 1988. Valeu a pena correr o risco. A apresentação dos Titãs foi eleita pela crítica especializada a melhor de todo o festival, superando Simple Minds, UB40, Pretender, Simply Red e outros medalhões estrangeiros.

Com o Brasil aos seus pés, o grupo partiu para a estreia internacional. Os Titãs foram os primeiros artistas do país a se apresentarem na Noite de Rock do badalado Festival de Jazz de Montreux. Do show, no dia 8 de julho de 1988, eles trouxeram o LP "Go Back", o primeiro ao vivo da carreira da banda. De volta ao Brasil, a banda viveu uma fase áurea, com shows superlotados e o quinto álbum – que misturava canções dos primeiros LPs a sucessos do "Cabeça e do "Jesus" – nas listas dos mais vendidos. "Marvin", originalmente gravada no primeiro disco, virou um sucesso avassalador nas rádios no fim de 88 e em todo o ano de 1989.

Em outubro de 1989, os Titãs lançaram seu disco mais sofisticado até então. "Õ Blesq Blom" reunia a simplicidade dos repentistas Mauro e Quitéria, descobertos pelo grupo na Praia da Boa Viagem, à modernidade das parafernálias eletrônicas de estúdio. Foi da dupla nordestina que os Titãs tiraram o nome do LP que transformou em hits "Flores", "Miséria" e "O Pulso". Com o clipe de "Flores", a banda ganhou ainda um prêmio inédito no país: o MTV Video Music Awards, quando a emissora ainda não tinha sua filial brasileira.

Depois de um disco tão elaborado, os Titãs começaram a sentir falta do bom e velho rock’n’roll. E o disco "Tudo Ao Mesmo Tempo Agora", que chegou às lojas em setembro de 1991, serviu para matar essa saudade. A banda levou ao extremo a volta ao estilo roqueiro: alugou uma casa para as gravações e decidiu se auto-produzir, interrompendo a parceria com Liminha. Com músicas com letras polêmicas – algumas escatológicas – e guitarras distorcidas, o disco mudou a cara dos Titãs. "Será Que É Isso Que Eu Necessito?" garantiu para a banda mais um Video Music Awards da MTV, que tinha chegado ao Brasil em outubro de 1990.

Os Titãs não abandonaram o rock pesado no trabalho seguinte. "Titanomaquia", primeiro álbum da banda sem Arnaldo Antunes – que deixou o grupo para se dedicar à carreira solo –, teve como ingrediente a mais a produção de Jack Endino, responsável por discos da turma grunge, como Nirvana, Mudhoney e Tad. Jack foi importado de Seattle exclusivamente para ajudar os Titãs a darem um acabamento melhor ao som agressivo que queriam fazer naquela fase. O oitavo álbum da banda, lançado em julho de 1993, emplacou "Será Que É Isso Que Eu Necessito?" e "Nem Sempre Se Pode Ser Deus".

No segundo semestre de 1994, ao fim da turnê de "Titanomaquia", os Titãs decidiram pela primeira vez tirar um ano de férias para que cada um pudesse tocar seus projetos paralelos. Paulo Miklos e Nando Reis lançaram discos solos, Tony Bellotto escreveu seu primeiro livro, Marcelo Fromer produziu outros músicos e Charles Gavin passou um período em Londres fazendo curso de produção. Os Titãs, porém, não ficaram muito tempo longe um do outro. Nessa época eles fundaram, em parceria com a WEA, o selo Banguela, responsável pelo lançamento de bandas como Raimundos, mundolivre s/a e Maskavo Roots, entre outras. Sérgio Britto e Branco Mello, além de donos, viraram artistas do selo. Eles montaram, com a baterista Roberta Parisi, a banda Kleiderman e gravaram o CD "Con el Mundo a Mis Pies".

A folga acabou em 1995, com o lançamento do álbum. "Domingo". O segundo trabalho do grupo com Jack Endino, veio bem mais pop do que os dois trabalhos anteriores e contou com participações especiais de Herbert Vianna, João Barone, Andreas Kisser e Igor Cavalera. "Domingo" foi disco de ouro e emplacou nas rádios a faixa-título e "Eu Não Agüento", da Banda Tiroteio, a primeira canção gravada pelos Titãs que não foi composta por um dos músicos do grupo.

Na comemoração dos 15 anos de carreira da banda, os Titãs lançaram mais um disco histórico. O "Acústico MTV", gravado em março de 1997 no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, vendeu mais de 1,7 milhão de cópias, batendo todos os recordes do formato. Além de músicas antigas que ganharam arranjos novos, o CD trazia as inéditas "Os Cegos do Castelo", "Nem 5 Minutos Guardados", "A Melhor Forma" e "Não Vou Lutar". O "Acústico" contou com participações especiais de Rita Lee ("Televisão"), Marisa Monte ("Flores"), Jimmy Cliff ("Querem Meu Sangue"), Fito Paez ("Go Back"), Marina Lima ("Cabeça Dinossauro") e Arnaldo Antunes ("O Pulso"). "Pra Dizer Adeus", originalmente gravada em "Televisão", se tornou um sucesso instantâneo e um das músicas mais executadas em rádio naquele ano.

Depois de fazerem mais de 300 shows pelo Brasil acompanhados de orquestra, os Titãs decidiram repetir a dose no álbum seguinte. "Volume 2", lançado em outubro de 1998, trazia mais músicas antigas com arranjos acústicos, mas também outras novidades. Além da música de trabalho "É Preciso Saber Viver", uma regravação de Roberto Carlos, o álbum tinha seis canções inéditas. O "Volume Dois" não foi uma continuação do "Acústico" apenas no estilo: o sucesso se repetiu, com mais de 600 mil copias vendidas.

No ano seguinte, os Titãs decidiram homenagear alguns de seus artistas preferidos. Roberto Carlos, Ultraje a Rigor e Tim Maia, entre outros, foram lembrados no CD "As Dez Mais". A versão de "Pelados em Santos", dos Mamonas Assassinas, foi criticada por alguns, mas muito executada nas rádios. "Aluga-se", de Raul Seixas, não só fez sucesso, como foi incorporada ao repertório dos shows da banda.

Em 2000, os Titãs fizeram uma nova parada para investir em suas carreiras solos. Nando Reis lançou o seu segundo disco, "Para Quando o Arco-Íris Encontrar o Pote de Ouro", e Sérgio Britto gravou o álbum "A Minha Cara". Branco Mello encabeçou a banda S. Futurismo, com a qual se apresentou na Tenda Brasil do Rock in Rio 3. Nando Reis também se apresentou neste palco. No ano seguinte, foi a vez de Paulo Miklos preparar seu segundo CD, "Vou Ser Feliz e Já Volto".

Em 2001, os Titãs sofrem um golpe duro. Em 11 de junho, um dia antes de a banda entrar em estúdio para gravar o 13† álbum da carreira, o guitarrista Marcelo Fromer foi atropelado por uma moto em São Paulo e morreu dois dias depois. Gravar o disco passou a ser um desafio que os Titãs encararam em homenagem a Marcelo e à própria história do grupo que ele ajudou a fundar. "A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana", o primeiro álbum só de inéditas depois de quatro anos, chegou às lojas em outubro em clima de grande expectativa. Com a veia rock'n'roll mais uma vez ativada, o grupo estreou em uma gravadora nova, a Abril Music. O CD conquistou crítica, público e transformou a canção "Epitáfio" num grande sucesso no rádio e na TV.

Nos quase dois anos que durou a turnê de "A Melhor Banda", os Titãs voltaram a mostrar que sua força estava na estrada: a banda fez um total de 180 shows, percorrendo cada canto do país. Justamente no meio da turnê, em setembro de 2002, Nando Reis resolveu deixar o grupo. Para o seu lugar, foi convocado para tocar nos shows e nas gravações Lee Marcucci, um dos melhores baixistas do Brasil, que já tinha acompanhado Rita Lee e outros craques da música brasileira. Lee se integraria ao grupo e a Emerson Villani, guitarrista que desde a morte de Fromer também participava das turnês e das gravações dos Titãs.

Para completar 2002, em que a banda festejava seus 20 anos, entrou no ar o novo site da banda (titas.net), em que a marca registrada é a permanente interatividade entre os fãs e os cinco integrantes do grupo, e chegou às livrarias a biografia "A vida até parece uma festa - Toda a história dos Titãs".
Em novembro de 2003, os Titãs lançam seu 14` CD, "Como Estão Vocês?", que traz de volta uma dobradinha que deu certo: Liminha assina a produção. Com um som bem Rock`n Roll, que consagrou o grupo, os Titãs emplacam de cara nas rádios "Eu Não Sou um Bom Lugar" e tem "Enquanto Houver Sol" incluída na trilha sonora da novela "Celebridade". O fim do ano ainda traz um mimo: É lançado o songbook "Titãs - Todas as Canções", reunindo a obra completa da banda, cifradas e com fotos inéditas, numa obra luxuosa e inigualável no Brasil, coroando os 21 anos de carreira da banda.

BIOGRAFIAS


BRANCO MELLO
A música entrou na vida de Joaquim Claudio Corrêa de Mello Júnior através do cinema. Ainda criança, o menino nascido no dia 16 de março de 1962 era levado pelo pai quase toda semana para assistir aos célebres musicais da Metro. As trilhas do cinema se misturava a outras influências, como a Bossa Nova, que o pai não tirava da vitrola, e aos shows e peças promovidos pela mãe, Lu Brandão, uma respeitada agitadora cultural. O resultado foi uma vasta descoberta artística e musical. 

A partir da adolescência, já apelidado de Branco pelos amigos do colégio primário, ele ouvia de tudo um pouco. Desde Frank Sinatra, e Glenn Miller até Gilberto Gil e Caetano Veloso, passando por Chuck Berry, Little Richards, The Doors, Stray Cats, The Clash, João Gilberto, Raul Seixas, Tim Maia, Cartola, Zé Ketti...

Cercado das mais diferentes influências, Branco resolveu aprender a tocar violão. Ele e Marcelo Fromer, que conheceu no colégio Hugo Sarmento aos 13 anos, começaram a rabiscar algumas parcerias e chegaram a inscrever duas músicas num festival promovido pela Brahma, no Rio de Janeiro. Se não chegaram a se classificar, pelo menos serviu para apontar um futuro promissor para a dupla, que acabou formando o Trio Mamão, completado por Tony Bellotto. Foi também na época do Equipe que ele e Fromer passaram a auxiliar Serginho Groisman, organizador de eventos memoráveis no colégio, na produção de shows de medalhões da música brasileira, como Clementina de Jesus, Jorge Mautner e Luiz Melodia, três de seus ídolos.

Em 1982, Branco foi o mestre de cerimônias do TV Eclipson, espetáculo que parodiava programas de auditório e reunia quase todos os nove integrantes que formariam os Titãs do Iê-Iê e outros artistas do cenário alternativo paulistano. Branco Mello encarnava um apresentador que misturava um pouco de Flavio Cavalcante, um pouco de Hebe Camargo. 

O talento para atuar veio à tona novamente em 1985, no filme "Areias Escaldantes", em que fez pontas vivendo um sushiman e um manicure, além de cantar com os Titãs. A dobradinha música/cinema sempre fez parte da vida de Branco, que com uma câmera portátil registra a trajetória da banda desde os seus primeiros meses de vida. No total, são mais de 100 fitas gravadas, a partir de 1986.

Nas primeiras longas férias da banda, em 1994, Branco se juntou ao amigo Sérgio Britto e à baterista Roberta Parisi e formou a banda Kleiderman, na qual cantava e tocava baixo. O grupo, de som pesado e letras agressivas, lançou pelo selo Banguela o disco "Con el Mundo a Mis Pies". Em 2000, formou a banda S. Futurismo, a princípio com um único objetivo: se divertir. Mas de show em show, o grupo acabou convidado para se apresentar na Tenda Brasil do Rock in Rio 3, em janeiro de 2001.

No fim do mesmo ano, Branco lançou um projeto infantil audacioso: o livro/CD "Eu e Meu Guarda-Chuva", que conta a história de Eugênio e seu inseparável guarda-chuva. O disco, com dez canções feitas em parceria com Ciro Pessoa (um dos fundadores dos Titãs do Iê-Iê), traz convidados de peso em cada faixa, entre eles Arnaldo Antunes, Elza Soares, Cássia Eller, Frejat, Toni Garrido e Marcelo D2. 

Em outubro deste ano, "Eu e Meu Guarda-Chuva" vai virar uma ópera-rock, que chegará aos palcos com Andréa Beltrão à frente do elenco. Para o início do ano que vem, Branco prepara outro projeto: um vídeo com a história dos Titãs, usando imagens exclusivas que registrou com sua câmera.

Casado com a atriz e produtora Ângela Figueiredo, Branco mora no Rio com os dois filhos, Bento, nascido em 1991, e Joaquim, que nasceu em 1999, e com a enteada, Diana Bouth.



MARCELO FROMER
Marcelo Fromer nasceu no dia 3 de dezembro de 1961, e cresceu em São Paulo, numa casa que vivia repleta de amigos, entre eles Branco Mello, que conheceu aos 13 anos, no colégio Hugo Sarmento. Aos 15, descobriu Chico Buarque, Beatles e a Tropicália e começou a estudar violão, com Luiz Tati, do grupo Rumo. Foi no período em que estava no colégio Equipe, entre 1977 e 79, que formou o Trio Mamão, ao lado de Branco e Tony Bellotto. Mas, como detestava cantar, era o único do trio que se dedicava exclusivamente ao violão. 

Foi também no Equipe que ele, o inseparável amigo Branco e outros colegas criaram a "Papagaio", uma revista que misturava histórias em quadrinhos, poesias e textos ácidos sobre decisões internas da escola. Enquanto isso, não parava de compor e tocar. A música, porém, concorria com outra atividade que Marcelo também levava a sério: o futebol. Torcedor doente do São Paulo, chegou a treinar no juvenil e nos juniores do clube paulista. 

Terminado o colégio, Marcelo chegou a experimentar a faculdade de Letras na USP, ao lado de Branco, mas os dois abandonaram o curso antes de completar dois anos. Em 1981, na pré-estréia dos Titãs do Iê-Iê no evento "A Idade da Pedra Jovem", Marcelo se empolgou e o show inteiro tocou guitarra como se fosse violão, sem palheta. Chegou ao fim da noite com os dedos em carne viva e com manchas de sangue em sua Giannini creme. 

Em 84, com o lançamento do primeiro LP dos Titãs, Marcelo mostrou que tinha talento não só como guitarrista, mas também para gerenciar a banda. Informalmente, assumiu o posto de homem de negócios do grupo. Renovações de contrato, cachês de shows e todas as decisões burocráticas precisavam ter o seu aval. Com as primeiras turnês dos Titãs pelo país, veio à tona outra paixão de Marcelo: a gastronomia. Era ele quem normalmente escolhia os restaurantes onde a banda iria comer nas cidades pelas quais passavam.

O lado empresário e gourmet se encontraram no Rock Dog, lanchonete especializada em cachorro-quente que ele abriu em 89, em São Paulo, em sociedade com os irmãos Thiago e Cuca, e com Branco e Bellotto. Em 2000, tornou-se sócio da pizzaria Campana, também na capital paulista. Um ano antes, Marcelo já tinha mostrado seus dotes culinários no livro "Você Tem Fome de Quê?", no qual listava receitas de vários restaurantes brasileiros combinadas com cifras e curiosidades de alguns sucessos da banda.

No dia 11 de junho de 2001, na véspera de começar a gravar o 13o disco dos Titãs, "A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana", Marcelo foi atropelado em São Paulo por um motoboy, enquanto praticava cooper. Morreu dois dias depois, deixando três filhos: Susy, de seu primeiro casamento com Martha Locatelli Fromer, e Alice e Max, de seu segundo casamento, com Ana Cristina Martinelli, a Tina.



PAULO MIKLOS
Desde garoto Paulo Roberto de Souza Miklos tem uma fina sintonia com a música. Nascido em São Paulo em 21 de janeiro de 1959, ele ainda na infância estudou piano, sax e flauta transversa. Aos 12 anos, ganhou o primeiro violão e avisou aos pais que tinha decidido seu futuro profissional: queria ser músico. Paulo desbravava precocemente cada instrumento que caía na sua frente, enquanto bebia na fonte de Beatles, Led Zeppelin, Deep Purple e da Tropicália. 

Foi no colégio Equipe que começou a cristalizar o que era ainda um sonho. Ao lado do colega de classe Arnaldo Antunes, passou a fazer música sem parar, nas primeiras parcerias do que adiante seriam os Titãs. A estréia profissional aconteceu num festival da TV Tupi, em 1979, quando fez um arranjo para um reggae de Chico Evangelista. A partir dali não ficou mais distante dos palcos. Percorreu o circuito de bares paulistanos fazendo shows solo, tocou com a banda Bom Quixote, foi crooner da big band Sossega Leão e integrou a eclética Banda Performática, capitaneada pelo artista plástico José Roberto Aguilar, que chegou a lançar um disco independente em 1982. Considerado um curinga musical, passou a ser convocado com freqüência para tocar com nomes já estabelecidos em São Paulo, como Arrigo Barnabé.

Depois que completou o Segundo Grau no Equipe, Paulo fez vestibular e passou para Filosofia na PUC e para Psicologia em Mogi Mirim. Assistiu a algumas aulas, mas notou que era um forasteiro naquele ambiente e abandonou ambos. Resolveu entrar na Escola de Comunicações e Arte da USP, mas o curso excessivamente voltado para a música erudita o fez desistir dois anos depois.

Considerado pela crítica uma das melhores vozes de sua geração, Miklos canta desde o primeiro hit dos Titãs, "Sonífera Ilha", até outras canções que a banda transformou em sucesso nacional, como "Bichos Escroto" (1986), "Diversão" (1987) e "Pra Dizer Adeus" (que estourou no "Acústico", em 97). Desde os primórdios do grupo, ele sempre foi uma espécie de regra três da banda, trocando de instrumento conforme a música: sax, baixo, teclado, bandolim, gaita... 

Em 1994, depois que os Titãs terminaram a turnê de seu disco mais pesado, "Titanomaquia", Miklos lançou seu primeiro álbum solo, que trazia uma sonoridade acústica e canções de sua autoria repletas de lirismo. Em 2001, depois de cantar "É Preciso Saber Viver", que se tornou hit no Brasil inteiro na regravação dos Titãs, Miklos emplacou seu segundo disco, "Vou Ser Feliz e Já Volto", produzido por Dudu Marote. 

Consagrado nos palcos, Miklos acabou roubando a cena também no cinema. Em 2002, sob a direção de "Beto Brant", ele estreou com sucesso na telona, estrelando o filme "O Invasor". No papel do assassino Anísio, ganhou o prêmio de ator revelação no Festival de Cinema de Brasília e se tornou uma das gratas surpresas do cinema nacional. Algumas semanas depois, botou na estante mais um troféu de sua breve carreira cinematográfica: foi eleito o melhor ator coadjuvante no Festival de Miami.

Miklos mora em São Paulo, é casado com Rachel Salém e com ela teve Manoela, nascida em 1983.



SÉRGIO BRITTO
Sérgio de Britto Álvares Affonso é o único carioca dos Titãs, mas deixou o Rio ainda bebê, logo depois que nasceu, no dia 18 de setembro de 1959. Ele e os irmãos, Rui e Gláucia, moravam em Brasília quando em 1964 os militares tomaram o poder e o pai deles, o então deputado federal Almino Afonso, líder do PTB na Câmara e inimigo feroz da ditadura, teve que deixar o Brasil para não ser preso. Um ano depois, quando Fábio, o caçula, já havia nascido, a família toda saiu do país. Durante os nove anos de exílio forçado, Sérgio Britto morou no Chile e acabou sendo alfabetizado em castelhano.

Britto cresceu ouvindo Beethoven, Chopin e outros monstros sagrados da música clássica que o pai escutava, mas até os 13 anos seu desejo era um só: ser pintor. Graças à irmã, que tinha aulas de violão, descobriu o disco "Help", dos Beatles, e passou a se interessar por música. Com 14 anos, ao voltar para o Brasil, teve as primeiras aulas de piano. Nessa época ouvia Yes, Emerson, Lake & Palmer, The Who, Led Zepellin, The Beach Boys e muita MPB. Logo depois passou a dedilhar o violão que a irmã deixava encostado num canto. 

Já de volta ao Brasil, foi estudar no colégio Equipe. Mas enquanto os outros titãs se embrenhavam em bandas e festivais, Britto compunha sozinho, em casa, dividindo-se entre a música e os textos do poeta tropicalista Torquato Neto, que se suicidara em 1972. A obra de Torquato inspirou Britto a fazer suas primeiras músicas, como "Go back", cuja letra ele musicou e acabou fazendo parte do LP de estréia dos Titãs. Na mesma época, fez "Os Olhos do Sol", gravada somente em 2000, quando Britto lançou seu disco solo. No Equipe, o tecladista conheceu Arnaldo Antunes e com ele passou a fazer suas primeiras composições a quatro mãos. Quando os Titãs se reuniram informalmente em 1981, na "Idade da Pedra Jovem", Britto fez sua estreia numa banda. 

O tecladista é o compositor com maior número de canções gravadas nos Titãs, entre elas sucessos como "Marvin" (com Nando Reis), "Homem Primata" (com Marcelo Fromer, Nando Reis e Ciro Pessoa), "Comida" (com Fromer e Arnaldo Antunes), "Miséria" (com Arnaldo e Paulo Miklos) e a recente "Epitáfio". 

Em 1994, ao lado de Branco Mello e da baterista Roberta Parisi, Britto formou a banda Kleiderman, que lançou um único disco ("Con el Mundo a Mis Pies") pelo selo Banguela, criado pelos Titãs em parceria com a WEA. Em 2001, Britto mostrou seu trabalho pessoal no disco solo "A Minha Cara", reunindo 13 canções de sua autoria e parcerias com Fromer e Arnaldo Antunes.

Britto mora em São Paulo/SP, é casado com Raquel Garrido e é pai de José, nascido em 1999.

 

TONY BELLOTTO
Foi depois de ler uma reportagem sobre Jimi Hendrix, em 1970, na revista "Manchete", que Antonio Carlos Liberalli Bellotto decidiu o que seria quando crescesse: guitarrista de rock. Logo depois que descobriu Hendrix e seus discos, o menino nascido em 30 de junho de 1960, bisneto de italianos e neto de portugueses, começou a tocar violão e a arriscar suas primeiras composições, enquanto ia conhecendo outros virtuoses da guitarra, como Keith Richards, Jimmy Page e Eric Clapton. 

Bellotto dividia a paixão pelo Rock com a Literatura. Devorador de livros e revistas, ele foi conhecendo Rubem Fonseca, Jorge Amado, Ernest Hemingway, Herman Melville e seu arrebatador romance "Mobby Dick". Nascia aí um desejo, ainda que velado, de escrever livros, o que se cristalizaria nos anos 90.

O sonho de ser roqueiro, porém, parecia mais próximo e aos 14 anos Bellotto ganhou sua primeira guitarra. Embora já ouvisse a Jovem Guarda e tivesse fascinação por "Yellow Submarine", dos Beatles, Bellotto só mergulhou fundo no rock um ano depois, em 1975, quando viajou para os Estados Unidos. Voltou ao Brasil para morar em Assis, no interior de São Paulo, trazendo na bagagem um leque de novidades, como os bluesmen Muddy Waters e Robert Johnson. Tantas influências, misturadas a Caetano Veloso, João Gilberto e Luís Melodia, três outros nomes que passou a ouvir sem parar, deixaram Bellotto com um elástico vocabulário musical. Ele começou, então, a percorrer faculdades e bares com voz e violão, mostrando composições próprias e abrindo shows de nomes já badalados na MPB, como Jorge Mautner.

Através do amigo Carlos Barmack, acabou conhecendo Branco Mello e Marcelo Fromer, com quem formou o Trio Mamão. Nesse meio tempo, Bellotto chegou a cursar faculdade de arquitetura em Santos, mas acabou abandonando o curso dois anos depois para se dedicar à música. Em 1982, pouco antes de começar os ensaios com os Titãs do Iê-Iê, nascia sua primeira filha, Nina, de seu casamento com Ana Paula Silveira. 

A paixão por livros que carregava desde a infância aflorou para valer nas primeiras férias longas dos Titãs, em 1994. Admirador de romances policiais, Bellotto lançou em 1995, pela Editora Cia. das Letras, seu primeiro livro, "Bellini e a Esfinge", a história de um detetive que vive no submundo de São Paulo. Dois anos depois, o personagem reapareceu numa segunda trama, "Bellini e o Demônio". Em 2001, o guitarrista-escritor deu duas tacadas literárias de uma só vez: lançou o romance policial "BR 163 – Duas Histórias na Estrada" e, para o público infanto-juvenil, "O Livro do Guitarrista", com dicas, discografia e curiosidades sobre a história do rock. Em 2002, a primeira aventura de Bellini foi adaptada para o cinema, com Fábio Assunção vivendo o personagem-título. Na televisão, o guitarrista começou a apresentar em 99, na TV Futura, o programa "Afinando a Língua", uma informal aula eletrônica de Português.

Casado desde 1990 com a atriz Malu Mader, Tony Bellotto teve com ela mais dois filhos, João e Antônio, nascidos respectivamente em 1995 e 97. Os quatro moram no Rio.

[ Fonte: www.titas.net ]

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