"Acho que o Beto tem uma das vozes mais bonitas que conheço. Nem mesmo ele sabe disso. E suas interpretações balançam o meu coração e os de muita gente. Desde que gravamos juntos "Nada será como antes", no Clube da Esquina, que senti o quanto nossas vozes se combinaram. Parabéns, Beto, pelo novo CD. Felicidades e que dividamos muitos sons pela vida afora.
Um Beijão do eterno amigo,"
Bituca ( Milton Nascimento )
"Beto sempre foi pra mim, além de amigo e companheiro, um exemplo de integridade musical no panorama da música brasileira. Um dos músicos mais intuitivos que conheço, antes de tudo, um criador nato."
Flávio Venturini
[ Fonte (frases): www.betoguedes.com.br ]
Nome completo: Alberto de Castro Guedes
Nome artístico: Beto Guedes
Data de nascimento: 13 de agosto de 1951
Local: Montes Claros/MG
Gêneros: MPB, Rock Rural, Rock and Roll, Pop Rock e Rock Progressivo
Instrumentos: Violão, voz, contrabaixo
PERFIL
Maior satisfação profissional: Poder realizar um disco
Melhor lugar para compor: Algum lugar que tenha um gravador e um teclado
Um mito: THE BEATLES
Uma personalidade: Chico Mendes
Maior defeito: Não conseguir saber qual
A maior qualidade: Honesto eu sou
Cantor preferido: Dalto
Cantora preferida: Gal Costa
Grupo preferido: Roupa Nova
Compositor preferido: Tem muitos. Os outros que me perdoem, mas já que é pra citar um só: Bituca
Livro de cabeceira: Não tenho
Disco que não sai da vitrola: Sempre o último que faço. Disco novo aqui em casa todo mundo escuta, o dia todo.
Filme que mais gosta: Império do Sol
Uma mania: Cozinhar
Um sonho de consumo: Um King Air ( Avião Bimotor )
Um homem bonito: Christopher Reeve (Super-Homem)
Uma mulher bonita: Ana Paula Arósio
Drink favorito: Bloody Mary
Prato preferido: Cozido
Restaurante: Sushi Naka ( Belo Horizonte/MG )
Signo: Leão
Religião: Acredito em Deus
O que não pode faltar no estúdio: Bons instrumentos, bons músicos e boas ideias
Melhor cidade para morar: Belo Horizonte/MG
Melhor cidade para se divertir: Angra dos Reis/RJ
Um simbolo sexual: Luma de Oliveira
Uma fobia: Ficar preso em engarrafamento de trânsito
Um momento inesquecível: O nascimento do Gabriel, meu filho mais velho
Um amor de índio: Silvana, minha mulher
Uma música que gostaria de ter feito: "The fool on the hill" (?)
Instrumento que você mais gosta de tocar e de ouvir: De tocar, contrabaixo. De ouvir, sax alto e violino
Um hobby: Voar
[ Fonte: www.betoguedes.com.br ]
BIOGRAFIA - 1
Por Marcelo Janot
A música e os aviões sempre tiveram muito em comum na vida de Beto Guedes. Quando pegou num instrumento ela primeira vez - aos oito anos, em Montes Claros/MG, sua cidade natal - ele não seria capaz de adivinhar que um dia voaria tão alto na carreira de músico. E nem que conseguiria pisar num avião de verdade - seu medo de voar contrastava com a obsessão por aeromodelismo. O tempo livre de Beto sempre foi dividido entre os aviõezinhos de brinquedo e a paixão pelos instrumentos herdada do pai, Godofredo Guedes, músico e compositor, responsável pela maioria dos bailes e serestas de Montes Claros.
O gosto pela música estava diretamente ligado aos Beatles. Em 1964, aos 12 anos, quando o quarteto de Liverpool já era febre no mundo inteiro, Beto, morando em Belo Horizonte, juntou-se aos vizinhos para formar o grupo, The Bevers (com repertório dedicado aos Beatles, obviamente). Os vizinhos, no caso, eram os irmãos Márcio, Yé e Lô Borges. A Beatlemania durou toda a adolescência e ainda incluiu um outro grupo, Brucutus, que animava festinhas durante as férias em Montes Claros. No final da década, mais amadurecidos, Beto e Lô começaram a compor e participar de festivais. Em 1969, quando foram ao Rio participar do Festival Internacional da Canção com a música "Feira Moderna", bateram na porta do conterrâneo Milton Nascimento. A acolhida de Milton não poderia ter sido mais proveitosa. A amizade e a admiração profissional mútua fizeram com que ele convidasse Beto Guedes para participar do antológico LP "Clube da Esquina", de 1971. Tocando baixo, guitarra, percussão e fazendo vocais, Beto começava a ganhar projeção junto com uma turma talentosa, que incluía nomes como Wagner Tiso, Ronaldo Bastos e Toninho Horta.
A safra de novos músicos mineiros era completada por Flávio Venturini, Sirlan, Vermelho, Tavinho Moura, entre outros, que Belo foi encontrar quando decidiu voltar a BH. As gravadoras passaram a abrir os olhos e em 1973 a Odeon resolveu bancar o LP "Beto Guedes/Danilo Caymmi/Novelli/Toninho Horta". A Beto, coube um quarto do disco. Não era muito, mas para ele, era o suficiente. Perfeccionista e naquela altura ainda muito inseguro, não conseguia acreditar no valor de suas músicas, embora a gravadora já lhe acenasse com ofertas para gravar um disco solo.
Quatro anos foi o tempo necessário para que criasse asas próprias. Em 1977, ele finalmente levantou vôo, a bordo do LP "A Página do Relâmpago Elétrico". O título foi sugestão do parceiro Ronaldo Bastos, depois que este viu no álbum de um colecionador de fotos de aviões da 2ª guerra, uma imagem do avião "Relâmpago Elétrico". Tá na cara que Beto, fanático por aviõezínhos de brinquedo, adorou a sugestão. O disco, que tinha a colaboração de vários amigos mineiros, chamou a atenção por revelar seus dotes como cantor, já que até então, ele era conhecido apenas pela versatilidade de multiinstrumentista. O tímido sucesso das músicas "Lumiar" e "Maria Solidária" foi suficiente para que o disco chegasse às 21 mil cópias vendidas, três vezes mais do que calculava a gravadora.
Mal sabiam eles, que "Lumiar" viraria um dos hinos da juventude cabeluda paz-e-amor e pró-natureza. E que Beto seria um dos ídolos dessa geração, principalmente após o lançamento de seu segundo álbum, "Amor de Índio". A faixa-título, dele e de Ronaldo Bastos, integrava o espírito de todo o disco. Versos como "A abelha fazendo o mel/Vale o tempo em que não vôou" ou "Todo dia é de viver/Para ser o que for/E ser tudo", segundo Beto, expressavam o lado primitivo e puro que ainda havia em cada uma das pessoas, como um canto de louvor à vida.
Quando lançou seu terceiro disco, "Sol de Primavera", em 1980, já tinha uma legião de fãs no eixo Rio-São Paulo. Mas nunca abandonou a mineirice que se tornara sua marca registrada. Botava o pé na estrada - de carro, porque não perdia o medo de voar - , mas continuava morando em Belo Horizonte, onde tinha a tranqüilidade para se dedicar aos brinquedinhos voadores e às novas composições. Era na janela, esperando o anoitecer que as idéias surgiam. E amadureciam tanto, que seus álbuns demoravam no mínimo dois anos para sair. O quinto deles, "Viagem das Mãos", de 1984, foi um marco em sua carreira. Àquela altura, Beto Guedes já era um artista de primeira linha, com vendagens oscilando entre 50 e 60 mil cópias e uma marca sonora registrada. Mas este álbum trazia a canção que, junto com "Amor de Índio", seria o maior sucesso de sua carreira: "Paisagem da Janela", de Lô Borges e Fernando Brant. Ao mesmo tempo, representava o estouro nacional do compositor, que naquele momento superava o medo de voar e, pasmem, já cogitava pilotar um ultraleve construído por ele mesmo!
A viagem de Beto alcançara as alturas, e o ápice acabou sendo "Alma de Borracha", que, lançado em 1986, finalmente lhe rendeu um Disco de Ouro e o reconhecimento no exterior. O título do disco (tradução de "Rubber Soul") homenageava os Beatles, enquanto o repertório trazia uma grata surpresa: a faixa "Objetos Luminosos", primeira parceria com seu mentor e padrinho musical Milton Nascimento. O Rio de Janeiro - cidade onde fez shows antológicos e sempre teve recepção calorosa do público - foi o local escolhido para a gravação de um disco ao vivo, no final de 1987.
Ao todo, foram cinco anos longe dos estúdios. Em 1991, Beto Guedes voltou a gravar. Com a meticulosidade de sempre, ele cuidou de cada detalhe de "Andaluz", seu oitavo disco e último contrato com a EMI-Odeon. Um disco em que o uso de sintetizadores dava um chega pra lá em alguns instrumentos barrocos tão utilizados pelo compositor em trabalhos anteriores. No ano seguinte, era de se esperar que Beto caísse na estrada mais uma vez. Mas ele preferiu trocar o violão pelo macacão de mecânico e passou a dedicar cada vez mais à sua paixão por aviões, só que construindo um monomotor de verdade. Foram mais sete anos restritos a shows esporádicos e muita reflexão.
Até que, lá no alto, sobrevoando os céus de Minas, ele sentiu a sensação de quem venceu o medo de um desafio e se tornou dono de seu próprio destino. Olhou para o futuro e viu, no horizonte infinito, música. Os versos já estão escritos. Mineiramente, Beto Guedes está de volta.
[ Fonte: www.betoguedes.com.br ]
LETRA COMENTADA / "O Sal da Terra" (14)
Por Leonardo Davino* (14/01/2010)
Não é mais nenhum segredo o fato de que tratamos muito mal o nosso planeta. A sustentabilidade nunca foi tão necessária e urgente. Óbvio, há muita gente fazendo uso do "discurso verde" para se promover e tal, mas verdade é que as consequências climáticas já se fazem presentes em nosso dia-a-dia.
Lançada em 1981, no disco Contos da lua vaga, a canção "O sal da terra", de Beto Guedes, com sua mensagem de rápido entendimento, alerta para isso: já passa da hora de recriar o paraíso. Hino ecológico, a canção mostra que o sal da terra não é outro senão nós mesmos: os indivíduos. Somos os responsáveis por darmos o ponto certo às ofertas da terra.
Os versos ecológicos e de desejo aglutinador não deixam dúvidas de que é através do respeito às forças que sustentam a vida (o amor, o tempo, a felicidade) que se conseguirá banir a opressão. Sem pieguices, e sem alarmes, o ouvinte é convidado a construir a vida nova.
A certa altura, a canção remete, pela reminiscência, o ouvinte aos versos de "Felicidade", de Antônio Almeida e João de Barro. Afinal, "Para que tanta ambição, tanta vaidade? Procurar uma estrela perdida. Quase sempre o que nos dá felicidade são as coisas mais simples da vida".
Há, de fato, uma crítica velada às conquistas da modernidade (da industrialização): à melhoria da vida material em detrimento da vida espiritual, interior: da paz do indivíduo consigo mesmo. Nunca como antes nos sentimos tão sozinhos, desamparados e carentes.
Enfim, "O Sal da Terra" fala sobre o modo simples de viver e deixar o tempo seguir seu curso de vida e morte: hoje, há um desespero na manutenção a quaisquer custos da vida física; munimo-nos dos diversos dispositivos de segurança e proteção, enquanto o sujeito da canção quer viver mais duzentos anos, como mensagem, como canto, como vida mais real.
Diante dos apelos diários, a mudança de perspectiva é difícil mas, com "um mais um" sendo mais que dois, de repente a gente consegue, como o herói grego Héracles, ganhar as maçãs de ouro da imortalidade; ou, ao menos, morder a maçã da árvore do conhecimento.
"O Sal da Terra" (Beto Guedes / Ronaldo Bastos)
Anda, quero te dizer nenhum segredo
Falo nesse chão da nossa casa
Vem que tá na hora de arrumar
Tempo, quero viver mais duzentos anos
Quero não ferir meu semelhante
Nem por isso quero me ferir
Vamos precisar de todo mundo
Pra banir do mundo a opressão
Para construir a vida nova
Vamos precisar de muito amor
A felicidade mora ao lado
E quem não é tolo pode ver
A paz na Terra, amor
O pé na terra
A paz na Terra, amor
O sal da Terra
És o mais bonito dos planetas
Tão te maltratando por dinheiro
Tu que é a nave nossa irmã
Canta, leva tua vida em harmonia
E nos alimenta com seus frutos
Tu que é do homem a maçã
Vamos precisar de todo mundo
Um mais um é sempre mais que dois
Pra melhor juntar as nossas forças
É só repartir melhor o pão
Recriar o paraíso agora
Para merecer quem vem depois
Deixa nascer o amor
Deixa fluir o amor
Deixa crescer o amor
Deixa viver o amor
(O sal da terra)...
*Pesquisador e ensaísta, mestre em Literatura Brasileira, com projeto de doutorado sobre Canção e Teoria da Literatura.
Nota: Leia no site 365 Canções mais 364 letras comentadas de diversos compositores brasileiros.
[ Fonte: 365cancoes.blogspot.com ]
BIOGRAFIA - 2
Alberto de Castro Guedes, mais conhecido como Beto Guedes (Montes Claros, 13 de agosto de 1951), é um violonista, cantor e compositor brasileiro.
Desde a adolescência tocava em bandas e aos 18 anos participou do V Festival Internacional da Canção, com sua composição Feira Moderna, em parceria com Fernando Brant. Tendo a música mineira como uma de suas principais influências (ao lado do rock dos anos 1960 e dos choros que o pai seresteiro compunha), participou ativamente do Clube da Esquina, que projetou nacionalmente os compositores mineiros (de nascimento ou de coração) contemporâneos como Milton Nascimento, Lô Borges, Fernando Brant e o próprio Beto Guedes.
Foi acompanhado pelo também mineiro grupo 14 Bis e em 1977 lançou o primeiro LP, A Página do Relâmpago Elétrico que superou expectativa comercial. No ano seguinte, o disco Amor de Índio traz na faixa-título o maior sucesso de sua carreira. Em 1986, saiu LP Alma de Borracha pela ODEON, dando-lhe seu 1º Disco de Ouro, ultrapassando a marca de 200 mil cópias vendidas.
Atualmente segue a carreira solo, e seus LPs foram relançados no formato de CD pela EMI em 1997. Em 1998 gravou Dias de Paz, uma seleção de releituras que inclui duas inéditas.
Em 2010 foi gravado o segundo DVD do cantor e compositor mineiro Beto Guedes, "Outros Clássicos" (Biscoito Fino) traz composições menos conhecidas da obra do artista. Isso porque os maiores sucessos já haviam sido lembrados no primeiro trabalho audiovisual de Guedes, "50 Anos ao Vivo", lançado em 2001.
Desta vez, há espaço para sucessos como "Veveco, Panelas e Canelas", "O Medo de Amar" e "A Página do Relâmpago Elétrico", além de faixas que somente os fãs vão lembrar, tais como "Rio Doce", a instrumental "Nena" e "Meu Ninho", com participação especial de Daniela Mercury. Também lançado em CD, o projeto foi gravado no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, em julho do ano passado.
Discografia e Maiores Sucessos
1971 - Clube da Esquina (participação)
1973 - Beto Guedes / Novelli / Danilo Caymmi / Toninho Horta
1975 - LP Minas: Milton Nascimento (participação)
1975 - Compacto com Milton Nascimento: Caso você queira saber / Norwegian Wood
1977- A Página do Relâmpago Elétrico
1978 - Amor de Índio
1979 - Clube da Esquina nº2 (participação)
1980 - Sol de Primavera
1981 - Contos da Lua Vaga
1983 - Coletânea - LP Lumiar
1984 - Viagem das Mãos
1986 - Alma de Borracha
1987 - "Ao Vivo"
1991 - Andaluz
1998 - Dias de Paz
2004 - Em Algum Lugar
2005 - DVD e CD Beto Guedes - 50 anos ao vivo
2010 - DVD e CD Outros Clássicos - ao vivo
A música "Sol de Primavera" foi tema de abertura da novela Marina, da Rede Globo, em 1980. Beto Guedes teve outras músicas inseridas nas trilhas de novelas, entre elas, "Maria Solidária", na novela "Coração de Estudante",de 2002.
[ Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre ]
[ Editado por Pedro Jorge ]
Por Marcelo Janot
A música e os aviões sempre tiveram muito em comum na vida de Beto Guedes. Quando pegou num instrumento ela primeira vez - aos oito anos, em Montes Claros/MG, sua cidade natal - ele não seria capaz de adivinhar que um dia voaria tão alto na carreira de músico. E nem que conseguiria pisar num avião de verdade - seu medo de voar contrastava com a obsessão por aeromodelismo. O tempo livre de Beto sempre foi dividido entre os aviõezinhos de brinquedo e a paixão pelos instrumentos herdada do pai, Godofredo Guedes, músico e compositor, responsável pela maioria dos bailes e serestas de Montes Claros.
O gosto pela música estava diretamente ligado aos Beatles. Em 1964, aos 12 anos, quando o quarteto de Liverpool já era febre no mundo inteiro, Beto, morando em Belo Horizonte, juntou-se aos vizinhos para formar o grupo, The Bevers (com repertório dedicado aos Beatles, obviamente). Os vizinhos, no caso, eram os irmãos Márcio, Yé e Lô Borges. A Beatlemania durou toda a adolescência e ainda incluiu um outro grupo, Brucutus, que animava festinhas durante as férias em Montes Claros. No final da década, mais amadurecidos, Beto e Lô começaram a compor e participar de festivais. Em 1969, quando foram ao Rio participar do Festival Internacional da Canção com a música "Feira Moderna", bateram na porta do conterrâneo Milton Nascimento. A acolhida de Milton não poderia ter sido mais proveitosa. A amizade e a admiração profissional mútua fizeram com que ele convidasse Beto Guedes para participar do antológico LP "Clube da Esquina", de 1971. Tocando baixo, guitarra, percussão e fazendo vocais, Beto começava a ganhar projeção junto com uma turma talentosa, que incluía nomes como Wagner Tiso, Ronaldo Bastos e Toninho Horta.
A safra de novos músicos mineiros era completada por Flávio Venturini, Sirlan, Vermelho, Tavinho Moura, entre outros, que Belo foi encontrar quando decidiu voltar a BH. As gravadoras passaram a abrir os olhos e em 1973 a Odeon resolveu bancar o LP "Beto Guedes/Danilo Caymmi/Novelli/Toninho Horta". A Beto, coube um quarto do disco. Não era muito, mas para ele, era o suficiente. Perfeccionista e naquela altura ainda muito inseguro, não conseguia acreditar no valor de suas músicas, embora a gravadora já lhe acenasse com ofertas para gravar um disco solo.
Quatro anos foi o tempo necessário para que criasse asas próprias. Em 1977, ele finalmente levantou vôo, a bordo do LP "A Página do Relâmpago Elétrico". O título foi sugestão do parceiro Ronaldo Bastos, depois que este viu no álbum de um colecionador de fotos de aviões da 2ª guerra, uma imagem do avião "Relâmpago Elétrico". Tá na cara que Beto, fanático por aviõezínhos de brinquedo, adorou a sugestão. O disco, que tinha a colaboração de vários amigos mineiros, chamou a atenção por revelar seus dotes como cantor, já que até então, ele era conhecido apenas pela versatilidade de multiinstrumentista. O tímido sucesso das músicas "Lumiar" e "Maria Solidária" foi suficiente para que o disco chegasse às 21 mil cópias vendidas, três vezes mais do que calculava a gravadora.
Mal sabiam eles, que "Lumiar" viraria um dos hinos da juventude cabeluda paz-e-amor e pró-natureza. E que Beto seria um dos ídolos dessa geração, principalmente após o lançamento de seu segundo álbum, "Amor de Índio". A faixa-título, dele e de Ronaldo Bastos, integrava o espírito de todo o disco. Versos como "A abelha fazendo o mel/Vale o tempo em que não vôou" ou "Todo dia é de viver/Para ser o que for/E ser tudo", segundo Beto, expressavam o lado primitivo e puro que ainda havia em cada uma das pessoas, como um canto de louvor à vida.
Quando lançou seu terceiro disco, "Sol de Primavera", em 1980, já tinha uma legião de fãs no eixo Rio-São Paulo. Mas nunca abandonou a mineirice que se tornara sua marca registrada. Botava o pé na estrada - de carro, porque não perdia o medo de voar - , mas continuava morando em Belo Horizonte, onde tinha a tranqüilidade para se dedicar aos brinquedinhos voadores e às novas composições. Era na janela, esperando o anoitecer que as idéias surgiam. E amadureciam tanto, que seus álbuns demoravam no mínimo dois anos para sair. O quinto deles, "Viagem das Mãos", de 1984, foi um marco em sua carreira. Àquela altura, Beto Guedes já era um artista de primeira linha, com vendagens oscilando entre 50 e 60 mil cópias e uma marca sonora registrada. Mas este álbum trazia a canção que, junto com "Amor de Índio", seria o maior sucesso de sua carreira: "Paisagem da Janela", de Lô Borges e Fernando Brant. Ao mesmo tempo, representava o estouro nacional do compositor, que naquele momento superava o medo de voar e, pasmem, já cogitava pilotar um ultraleve construído por ele mesmo!
A viagem de Beto alcançara as alturas, e o ápice acabou sendo "Alma de Borracha", que, lançado em 1986, finalmente lhe rendeu um Disco de Ouro e o reconhecimento no exterior. O título do disco (tradução de "Rubber Soul") homenageava os Beatles, enquanto o repertório trazia uma grata surpresa: a faixa "Objetos Luminosos", primeira parceria com seu mentor e padrinho musical Milton Nascimento. O Rio de Janeiro - cidade onde fez shows antológicos e sempre teve recepção calorosa do público - foi o local escolhido para a gravação de um disco ao vivo, no final de 1987.
Ao todo, foram cinco anos longe dos estúdios. Em 1991, Beto Guedes voltou a gravar. Com a meticulosidade de sempre, ele cuidou de cada detalhe de "Andaluz", seu oitavo disco e último contrato com a EMI-Odeon. Um disco em que o uso de sintetizadores dava um chega pra lá em alguns instrumentos barrocos tão utilizados pelo compositor em trabalhos anteriores. No ano seguinte, era de se esperar que Beto caísse na estrada mais uma vez. Mas ele preferiu trocar o violão pelo macacão de mecânico e passou a dedicar cada vez mais à sua paixão por aviões, só que construindo um monomotor de verdade. Foram mais sete anos restritos a shows esporádicos e muita reflexão.
Até que, lá no alto, sobrevoando os céus de Minas, ele sentiu a sensação de quem venceu o medo de um desafio e se tornou dono de seu próprio destino. Olhou para o futuro e viu, no horizonte infinito, música. Os versos já estão escritos. Mineiramente, Beto Guedes está de volta.
[ Fonte: www.betoguedes.com.br ]
LETRA COMENTADA / "O Sal da Terra" (14)
Por Leonardo Davino* (14/01/2010)
Não é mais nenhum segredo o fato de que tratamos muito mal o nosso planeta. A sustentabilidade nunca foi tão necessária e urgente. Óbvio, há muita gente fazendo uso do "discurso verde" para se promover e tal, mas verdade é que as consequências climáticas já se fazem presentes em nosso dia-a-dia.
Lançada em 1981, no disco Contos da lua vaga, a canção "O sal da terra", de Beto Guedes, com sua mensagem de rápido entendimento, alerta para isso: já passa da hora de recriar o paraíso. Hino ecológico, a canção mostra que o sal da terra não é outro senão nós mesmos: os indivíduos. Somos os responsáveis por darmos o ponto certo às ofertas da terra.
Os versos ecológicos e de desejo aglutinador não deixam dúvidas de que é através do respeito às forças que sustentam a vida (o amor, o tempo, a felicidade) que se conseguirá banir a opressão. Sem pieguices, e sem alarmes, o ouvinte é convidado a construir a vida nova.
A certa altura, a canção remete, pela reminiscência, o ouvinte aos versos de "Felicidade", de Antônio Almeida e João de Barro. Afinal, "Para que tanta ambição, tanta vaidade? Procurar uma estrela perdida. Quase sempre o que nos dá felicidade são as coisas mais simples da vida".
Há, de fato, uma crítica velada às conquistas da modernidade (da industrialização): à melhoria da vida material em detrimento da vida espiritual, interior: da paz do indivíduo consigo mesmo. Nunca como antes nos sentimos tão sozinhos, desamparados e carentes.
Enfim, "O Sal da Terra" fala sobre o modo simples de viver e deixar o tempo seguir seu curso de vida e morte: hoje, há um desespero na manutenção a quaisquer custos da vida física; munimo-nos dos diversos dispositivos de segurança e proteção, enquanto o sujeito da canção quer viver mais duzentos anos, como mensagem, como canto, como vida mais real.
Diante dos apelos diários, a mudança de perspectiva é difícil mas, com "um mais um" sendo mais que dois, de repente a gente consegue, como o herói grego Héracles, ganhar as maçãs de ouro da imortalidade; ou, ao menos, morder a maçã da árvore do conhecimento.
"O Sal da Terra" (Beto Guedes / Ronaldo Bastos)
Anda, quero te dizer nenhum segredo
Falo nesse chão da nossa casa
Vem que tá na hora de arrumar
Tempo, quero viver mais duzentos anos
Quero não ferir meu semelhante
Nem por isso quero me ferir
Vamos precisar de todo mundo
Pra banir do mundo a opressão
Para construir a vida nova
Vamos precisar de muito amor
A felicidade mora ao lado
E quem não é tolo pode ver
A paz na Terra, amor
O pé na terra
A paz na Terra, amor
O sal da Terra
És o mais bonito dos planetas
Tão te maltratando por dinheiro
Tu que é a nave nossa irmã
Canta, leva tua vida em harmonia
E nos alimenta com seus frutos
Tu que é do homem a maçã
Vamos precisar de todo mundo
Um mais um é sempre mais que dois
Pra melhor juntar as nossas forças
É só repartir melhor o pão
Recriar o paraíso agora
Para merecer quem vem depois
Deixa nascer o amor
Deixa fluir o amor
Deixa crescer o amor
Deixa viver o amor
(O sal da terra)...
*Pesquisador e ensaísta, mestre em Literatura Brasileira, com projeto de doutorado sobre Canção e Teoria da Literatura.
Nota: Leia no site 365 Canções mais 364 letras comentadas de diversos compositores brasileiros.
[ Fonte: 365cancoes.blogspot.com ]
BIOGRAFIA - 2
Alberto de Castro Guedes, mais conhecido como Beto Guedes (Montes Claros, 13 de agosto de 1951), é um violonista, cantor e compositor brasileiro.
Desde a adolescência tocava em bandas e aos 18 anos participou do V Festival Internacional da Canção, com sua composição Feira Moderna, em parceria com Fernando Brant. Tendo a música mineira como uma de suas principais influências (ao lado do rock dos anos 1960 e dos choros que o pai seresteiro compunha), participou ativamente do Clube da Esquina, que projetou nacionalmente os compositores mineiros (de nascimento ou de coração) contemporâneos como Milton Nascimento, Lô Borges, Fernando Brant e o próprio Beto Guedes.
Foi acompanhado pelo também mineiro grupo 14 Bis e em 1977 lançou o primeiro LP, A Página do Relâmpago Elétrico que superou expectativa comercial. No ano seguinte, o disco Amor de Índio traz na faixa-título o maior sucesso de sua carreira. Em 1986, saiu LP Alma de Borracha pela ODEON, dando-lhe seu 1º Disco de Ouro, ultrapassando a marca de 200 mil cópias vendidas.
Atualmente segue a carreira solo, e seus LPs foram relançados no formato de CD pela EMI em 1997. Em 1998 gravou Dias de Paz, uma seleção de releituras que inclui duas inéditas.
Em 2010 foi gravado o segundo DVD do cantor e compositor mineiro Beto Guedes, "Outros Clássicos" (Biscoito Fino) traz composições menos conhecidas da obra do artista. Isso porque os maiores sucessos já haviam sido lembrados no primeiro trabalho audiovisual de Guedes, "50 Anos ao Vivo", lançado em 2001.
Desta vez, há espaço para sucessos como "Veveco, Panelas e Canelas", "O Medo de Amar" e "A Página do Relâmpago Elétrico", além de faixas que somente os fãs vão lembrar, tais como "Rio Doce", a instrumental "Nena" e "Meu Ninho", com participação especial de Daniela Mercury. Também lançado em CD, o projeto foi gravado no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, em julho do ano passado.
Discografia e Maiores Sucessos
1971 - Clube da Esquina (participação)
1973 - Beto Guedes / Novelli / Danilo Caymmi / Toninho Horta
1975 - LP Minas: Milton Nascimento (participação)
1975 - Compacto com Milton Nascimento: Caso você queira saber / Norwegian Wood
1977- A Página do Relâmpago Elétrico
1978 - Amor de Índio
1979 - Clube da Esquina nº2 (participação)
1980 - Sol de Primavera
1981 - Contos da Lua Vaga
1983 - Coletânea - LP Lumiar
1984 - Viagem das Mãos
1986 - Alma de Borracha
1987 - "Ao Vivo"
1991 - Andaluz
1998 - Dias de Paz
2004 - Em Algum Lugar
2005 - DVD e CD Beto Guedes - 50 anos ao vivo
2010 - DVD e CD Outros Clássicos - ao vivo
A música "Sol de Primavera" foi tema de abertura da novela Marina, da Rede Globo, em 1980. Beto Guedes teve outras músicas inseridas nas trilhas de novelas, entre elas, "Maria Solidária", na novela "Coração de Estudante",de 2002.
[ Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre ]
[ Editado por Pedro Jorge ]
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Cláudio Rocha Produções:
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