segunda-feira, 25 de julho de 2011

Tavito



CONVITE

De: Tavito
Para: Você

"Olá ! prestigiem os meu shows - pois sempre levo algumas novidades acesas na algibeira direita e outras tantas velharias não menos acesas na esquerda - no meu novo espetáculo, o "TUDO OUTRA VEZ". Temos o suficiente para explodir a casa, o bairro, a cidade e o mundo inteiro, no caso, é claro, do comparecimento massivo dos fãs, conhecidos e desconhecidos e até de um ou outro inimigo, que sem dúvida alguma se transformará imediatamente em amigo. Este espetáculo reserva surpresas saborosas, elas são meu trunfo e meu orgulho; pois que teremos canções impensáveis e convidados inesperados, numa manifestação de ecletismo e liberdade raramente vistos. Espero reconhecer na plateia cada uma de vossas luminosas fisionomias, para que cantemos juntos Toadas de afeto, Rocks de atitude, Boleros de amasso... e ainda aquelas canções que, sempre, a gente quer ouvir"
Tavito
[ Fonte (frase): tudotavito.blogspot.com ]

Nome completo: Luís Otávio de Melo Carvalho
Nome artístico: Tavito
Data de nascimento: 26/01/1948
Local: BH/MG
Gêneros: Rock Rural, Clube da Esquina, MPB e outros 1001 ritmos dançantes e
contagiantes


LETRA (Atendendo a pedidos de Paul Maccartney, Ringo Star, Milton Nascimento, Sílvio Brito e Rita Lee)

Rua Ramalhete
Tavito

Sem querer fui me lembrar
De uma rua e seus ramalhetes,
O amor anotado em bilhetes,
Daquelas tardes.

No muro do Sacré-Coeur,
De uniforme e olhar de rapina,
Nossos bailes no clube da esquina,
Quanta saudade!

Muito prazer, vamos dançar
Que eu vou falar no seu ouvido
Coisas que vão fazer você tremer dentro do vestido,
Vamos deixar tudo rolar;
E o som dos Beatles na vitrola.

Será que algum dia eles vêm aí
Cantar as canções que a gente quer ouvir?

Rua Ramalhete / 1979
Compositores:Tavito e Ney Azambuja
Músicos: Eduardo Souto Neto, Jamil Joanes, Paulinho Braga, Sérgio Dias (Guitarrista dos Mutantes).
Percussão: Ariovaldo Contesini
Trompetes: Márcio Montarroyos, Maurílio Santos.
Coro: Regininha, Jane Duboc, Márcio Lott e Flavinho




RELEASE / Vibra Produções

TAVITO para todos, músico, compositor, arranjador, produtor de discos e publicitário, nascido e criado na gema de Belo Horizonte, fruto de idéias, amigos e canções de Minas, mudou-se para o Rio na correnteza poética do amigo Vinícius de Moraes. Tavito se destacou primeiramente como guitarrista/violeiro do grupo "Som Imaginário", juntamente com Zé Rodrix, Robertinho Silva, Wagner Tiso, Luís Alves, Naná Vasconcellos e Fredera. Essa moçada foi convocada para acompanhar um noviço Mílton Nascimento com seu nascente Clube de Esquina, cheio de bons mineiros e sonhos por toda parte.

Tavito compôs com Zé Rodrix a canção "Casa no Campo", imortalizada na voz de Elis Regina. Gravou para a CBS o primeiro de três discos-solo, onde homenageava os Beatles e sua cidade natal, com a canção "Rua Ramalhete", eleita recentemente a Trilha Sonora Oficial de Belo Horizonte. Compôs trilhas para novelas, temas específicos para cinema, televisão, esporte e teatro.

Agora, novamente em São Paulo, inquieto e certo de ter muito a dizer, Tavito volta aos palcos e retoma seu ofício maior, o de compor, tocar e cantar. O novo CD de Tavito, “TUDO”, já está nas lojas e sites de compra de todo o Brasil. Neste trabalho, ele prioriza suas raízes pop-roqueiras e emociona em letras que celebram o amor como fundamento – e investem de forma humorada contra o atual declínio ético da sociedade. Apresenta sua nova parceria com Alexandre Lemos, a guarânia “Embora”, tema da novela do SBT, “Revelação”.

Reencontra antigos parceiros, como Ney Azambuja (O Primeiro Sinal), Luiz Carlos Sá (O Dia em que Nasceu Nosso Amor); e inaugura uma nova e valiosa parceria com Ronaldo Valle Simões, o Rocknaldo, no rock "Um Certo Filme" e na homenagem que presta à sua nova casa, a cidade de São Paulo, na instigante “Uma Banda em Sampa”; também homenageia seu amigo de sempre, Zé Rodrix, na releitura do sucesso “Hoje Ainda é Dia de Rock”. Além disso, apresenta novas idéias para antigos sucessos, como "Rua Ramalhete" e "Aquele Beijo". Em seus shows conta com uma banda de quatro músicos – Nando Lee, guitarra & voz / Paulinho Faria, baixo / Fábio Schmidt, bateria, percussão & voz / Abraham Lincoln, teclados & trumpete.

[ Fonte: www.vibraproducoes.com.br ]




ENTREVISTA / Facebook

Entrevista com TAVITO no Facebook no grupo do Blog Clube da Esquina
Data: 25/02/2011

Gente, gostaria de agradecer imensamente a generosidade deste ser humano genial, por aceitar c...ompartilhar conosco sua linda história. Obrigado TAVITO !!!!

Paulinho Saturnino Figueiredo : Tavito, ainda bem novo você participou da diáspora de talentos musicais das Geraes. As idas e vindas de sua geração de músicos foi fundamental para se formatar aquilo que se chamaria de moderna música mineira?

Tavito Carvalho : Paulinho, começando, não sei bem se é isso: Minas é uma tatuagem eterna no coração de quem nasce lá. As influências do caldeirão mineiro são visíveis em todas as obras do pessoal, para o bem e para o mal.

Monika Mendonça : Tavito sabemos que você fez parte do Som Imaginário, mas gostaria de saber que som você escuta hoje?

Tavito Carvalho : Monika querida, escuto os mesmos, mais essa turma da vanguarda paulista, 5 a seco, Celso Viáfora, Juca Novaes. E a mineirada, CRARO.

Maisa Patrícia Velloso Maisa : Tavito, é uma honra estar aqui com você.Você tem uma facilidade muito grande em transitar por várias áreas, uma delas me causa curiosidade, que é o seu lado arranjador. Fale um pouquinho sobre isso.

Tavito Carvalho : Na verdade, sou um arranjador de araque. Não estudei orquestração o suficiente para escrever grandes partituras, muito menos reger uma orquestra. Mas dou minhas cacetadas, e elas, inesperadamente, funcionam.

Alan Romero : Dentre as muitas coisas que você faz bem, uma que é pouco conhecida é o teu talento de “escrevinhador”. Está na hora de lermos um livro teu. Você tem algum projeto na gaveta? Se não tem, estou aqui para botar pilha! Queremos saber o teu ponto de vista sobre tudo e mais alguma coisa. Que tipo de livro você gostaria de fazer?

Tavito Carvalho : Alanzito, tem um problema: sou um cara que precisa de bons motivos para escrever - e você sabe bem disso. Não me imagino nessa pilha de acordar cedo e escrever 20 laudas de uma história sem fim, como o Zé fazia. Gostaria, sim de publicar um livro de crônicas curtas, no máximo médias, enfocando as partes mais gozadas dessa vida que levamos, nós, os músicos, poetas, artistas em geral.

Cássia Regina : Querido grande mestre Tavito. Vai ter mais parcerias lindas..sua com Alexandre Lemos?

Tavito Carvalho : Fizemos, na semana passada, um hit terrível que vai ser gravado pela Bruna Caram. A letra foi feita em 5 minutos - e eu a musiquei em dois. Morará em vossas cabeças por muito tempo. É um visgo.

Deborah Souza Fraguito : Frio na barriga. Falando em visgo e morar, muita honra estar aqui Tavito. Faz parte da minha identidade musical. Você, conseguiu a sua “Casa no Campo” literalmente falando, ou essa casa é que mora dentro de você? Quer dizer, seu estilo de vida está mais para o “normal” ou é meio alternativo?

Tavito Carvalho : Meu estilo de vida é alternativamente normal, se é que há alguém que viva normalmente nos dias que correm. Sou um ligadão no meu tempo, e gosto das coisas, como todo mundo. Sou curioso e, fora a muvuca cosmopolita, adoro São Paulo, por exemplo. Não conseguiria manter a casa no campo que eu próprio vendo para o público, pelo menos não por enquanto.

Pedro Rossi : Então vamos lá ...Rua Ramalhete, não tem jeito. Todas as pessoas acham que essa música é história da vida delas, inclusive eu ! E como foi o processo de composição desta música? Complementando a pergunta... Você tem uma receita para compor?

Tavito Carvalho : Pedríssimo, essa resposta é complexa. Eu não tinha o discernimento necessário para me reconhecer como um hitmaker quando compus com meu amigo Ney essa canção. Foi puramente circunstancial, estávamos compondo para o disco, sábado à tarde, tomando uísque e mandando todas na trave. Quando me veio a idéia (baseada na presença de uma das moças “morantes” da Rua Ramalhete no Rio), a canção desceu do céu como manteiga. É uma história de minha adolescência, verdadeira e bela, igual a todas as histórias das adolescências espalhadas pelo mundo afora. Há um bordão universal que é vibrado quando se escuta essa canção. Quanto à receita, tenho não: espero ela descer do céu. Sempre.

Ivan Rodrigues : Mestre, boa noite, sempre achei sua voz um pouco parecida com Zé Rodrix, você tem parentesco com ele?

Tavito Carvalho : Só o parentesco das grandes amizades, aquelas dos irmãos que escolhemos. Influenciamos muito um ao outro, através da vida.

Maria Valéria Bethônico : Tavito, você ainda compõe jingles e comerciais, como aquele da copa? Digo, ainda faz parte de seu trabalho diário?

Tavito Carvalho : O jingle é uma atividade inteligente e benfazeja para qualquer aspirante a compositor. É meu plano B de vida, que muitas vezes se mistura ao plano A. Adoro fazer jingles, é altamente estimulante. Agora mesmo estou fazendo um para um banco. A parte não-correta é que você não escolhe o que ou a quem elogiar: é tudo maravilhoso, desde um carrão Mercedes até o Roberto Jefferson, hehehe.

Maria Valéria Bethônico : Hehe...Obrigada, Tavs.

Luiz Flávio De Assis : Tavito, boa noite! É um prazer poder estar aqui com toda essa turma toda... O que me diz sobre direitos autorais atualmente? Como vê a internet como meio de divulgação?

Tavito Carvalho : A internet é como uma bomba que explode todos os conceitos de comunicação acumulados até pouco tempo.É ótima e péssima. Fornece meios para que os espertos cometam qualquer descalabro, ao mesmo tempo em que é de valia extrema na busca da cultura e da informação. Nós, que já fizemos quarenta (huashuas) temos dificuldades expressivas com esse troço; mas é fascinante ver os resultados que se pode conseguir com seu uso de forma inteligente. Quanto aos direitos autorais, minha posição é "ruim com o ECAD, pior sem ele". Sou um heróico defensor da propriedade intelectual.Ver mais

Renata Gonçalves Chagas : Boa noite,Tavito.

Tavito Carvalho : Boa noite, ó Renata.

Renata Gonçalves Chagas : Gostaria de saber o que você acha do Festival Música Do Mundo, que este ano vai para sua terceira edição? Para os que não ouviram falar, este festival acontece em Três Pontas, em homenagem ao Bituca, é lindo!!!

Tavito Carvalho : Olha, minha querida, vou dar uma declaração aqui que talvez não devesse: meus dois cotovelos doem até hoje por não ter sido convidado pra essa coisa; tenho muita esperança que me chamem esse ano.

Tavito Carvalho : Maurice, meu ídolo, estás aí?!

Mauricio Gouvêa : Tavito, minha pergunta é sobre a VOX de 12 cordas, que, sozinha, traz muita estórias, né? Adoro este seu violão. Era uma época em que comprar instrumentos importados era muito difícil. Como foi que ela chegou até vc e virou este símbolo, uma assinatura sua nos discos do Som Imaginário ? Conte um pouco da estória dela prá gente e se, um dia, teremos a chance de vê-la ao vivo com vc nos palcos. Já fez alguma música prá ela ?

Tavito Carvalho : Maurice queridão, sei de seu fascínio com minha velha viola, ela é linda mesmo. Comprei-a em 1968 do roqueiro Renato Ladeira, filho da Renata Fronzi, e me lembro que custava uma fortuna quase impossível de ser paga (para minhas pobres algibeiras sem níquel), e isso marcou minha volta às boas com meu pai - que, condoído, deu-ma de presente. Ela foi comprada na Inglaterra, numa época em que não havia importados e nem facilidades de nenhuma espécie para obtê-los. Como nunca fui guitarrista, e sim violonista, caiu-me como uma luva nas mãos, além de emprestar uma sonoridade bem diferente ao grupo. Hoje ela dorme em sua capa no armário de meu estúdio, pois uma de suas tarraxas ferrou-se - e preciso achar quem me arranje uma original - não deixo por menos. Seu futuro será, certamente, ser doada ao Museu do Clube. Só daqui a muuuuuuitos anos.

Mauricio Gouvêa : Valeu Tavito, obrigado. Queria deixar aqui minha profunda admiração por vc também como músico, uma mão direita infernal, cheia de suingue. Grande influência !

Liège Portes : Como é amar o Flamengo e fazer um hino daquela grandeza pro Goiás?? Como foi que aconteceu isso?? Foi um convite direto? E quanto a sua carreira, você pode dizer que se considera realizado? Algum novo projeto?

Luiz Flávio De Assis : É sobre o Festival Música do Mundo. Realmente é inaceitável não contar com o Tavito nesse evento.

Monika Mendonça : Apoiado, incrível Tavito não estar na sua própria terra no seu próprio som, seria inimaginário? Já sei vão me expulsar, é tecnologia, é internet não é, liberdade de expressão!

Maisa Patricia Velloso Maisa : Olha, Tavito foi muito bom vc tocar nesse assunto.Se depender da minha vontade e do meu esforço vc estará aqui no Festival.Vc merece isso, nós merecemos!!!

Tavito Carvalho : Meu projeto de vida é, prosaicamente, continuar vivo. Tenho me cuidado bastante, pois tem ainda montanhas de lenha pra queimar na minha carroça. Meu novo CD vem aí, com uma proposta completamente diferente. Se tudo der certo, será lançado até setembro, outubro no máximo, junto com aquele devedêzim básico. Minhas prioridades são todas artísticas, incluindo uma proposta de escrever num jornal. Liu, você é um must de gente, sabia? Espero que me ajude quando for a BH lançar o disco.

Tavito Carvalho : Esqueci do Hino: como já falei, sou treinado para chutar no gol olhando pro bandeirinha, como faz o Ronaldinho Gaúcho.

Ivan Rodrigues : Mestre, não sou músico, sou só um apaixonado, luto via internet, uma ferramenta muito importante para tal, contra a falta de justiça em nossa cultura, a mídia é muito manipuladora. Não aceito que o que tem valor não tem vez, só o que vende, o fácil, encontra espaço, Hélio Delmiro, foi preso por não ter dinheiro para pagar pensão alimentícia e muitos artista que não tem nenhum valor, não sabem o que fazer com o que ganha, a maioria das rádios só tocam músicas de gosto duvidoso, o que podemos fazer para alterar um pouco esse quadro?

Tavito Carvalho : Isto é um movimento das mídias massivas, apenas; há um insurreição brutal nos meios menos votados com visas à mudança desse quadro. Faço eco a uma entrevista que postaram na M-Música, dada pelo maestro Julio Medaglia: haverá uma onda alta na ciclotimia dos pruridos dos "formadores de opinião" jajá, por conta de verdades de mercado insofismáveis, que estão realmente ocorrendo hoje. Há fenômenos de boa música, tanto na canção quanto no instrumental, impossíveis de não serem notados. Sou um otimista? Sim, mas tenho razão.

Ivan Rodrigues : Valeu mestre!!! Também não perdi a esperança!!!

Renata Gonçalves Chagas : Como foi pra você ter vivido todo o início do Clube da Esquina e fale um pouco sobre a experiência de ter participado do disco clube da esquina.

Tavito Carvalho: O Clube da Esquina é o movimento mais sólido e significativo da história da música mineira - se não da brasileira. É um tsunami de criatividade promovido por um mentor único no mundo..., um gênio muito além dos gênios de plantão por aí. Não houve, não há e não haverá um músico como o Bituca na face da terra. Sei disso desde a primeira vez que o vi, numa longínqua madrugada por volta de 1965. Quando mais tarde tive a oportunidade de trabalhar a seu lado e me embeber de seu talento, sorvendo toneladas de informação inédita a cada encontro, a cada show, a cada disco, a cada ensaio, quase pirei na maionese. Este álbum, o "Clube 1" é certamente a bíblia do bom gosto e da surpresa a cada faixa; é uma honra estar nele, ter opinado e criado em prol de sua sonoridade única. Minha vida se fez com dois "antes e dois "depois": ouvir Tom Jobim e Milton Nascimento. E vou jantar aquela salada que a Celina está preparando lá na cozinha, que é o melhor a se fazer no momento; beijos a todos(as) e obrigado, do fundo do coração, por aturar-me todo esse tempo. Fui.

Deborah Souza Fraguito : Agradeço de coração ter tido a oportunidade de conhecer um pouco mais esse artista que é Tavito, cujas canções fazem parte da trilha sonora de minha vida. Obrigada a todos do Clube por terem me ajudado nessa minha primeira vez. Grata a todos, especialmente a Pedro e Valeria e espero poder participar dos próximos encontros... E queremos Tavito no Festival de Musica do Mundo!!!

Maria Valéria Bethônico : Tavito, obrigada pela participação amorosa, pela paciência, e pela amizade! Adorei participar, e adorei ler todas as suas respostas! Volte mais! Beijos.




Canções Que a Gente Quer Ouvir / Jornal Estado de Minas
Data: 13 de maio de 2010

Tavito faz show de lançamento do CD "Tudo", no Teatro Alterosa, com participação de Marina Machado. No repertório, clássicos como Rua Ramalhete e músicas inéditas
Por Sérgio Rodrigo Reis

Poucos artistas conseguiram representar tão bem a terra natal quanto o cantor e compositor Tavito, que, em meados dos anos 1970, com a canção Rua Ramalhete, sintetizou o estilo de viver do belo-horizontino da época. Naquela rua da capital, no Bairro da Serra, a paquera passava por bilhetes, o amor ainda mantinha certa inocência, embalado pela trilha sonora dos Beatles, nas canções que os jovens queriam ouvir. Aos saudosistas, um aviso: Tavito volta com os antigos sucessos hoje à noite, em única apresentação, no Teatro Alterosa. Mas o retorno às origens não será apenas em clima nostálgico. O artista, que tem uma das mais curiosas trajetórias da MPB, chega para apresentar as músicas do mais novo disco Tudo, além, é claro, dos grandes sucessos.

O repertório é composto por um resumo dos últimos 30 anos. O show terá clássicos como Casa no campo, feita com Zé Rodrix e imortalizada na voz de Elis Regina. E outras tantas que estão na memória dos fãs, como Aquele beijo, feita com Ney Azambuja, parceiro constante em outras canções, como a própria Rua Ramalhete. Tavito não estará sozinho no palco. Vai receber a cantora Marina Machado, para que ela empreste seu timbre singular às composições que o compositor fez para voz feminina, como Minas de encanto. A festa contará ainda com participação da banda formada pelos músicos e cantores Nando Lee (guitarra e voz), Paulinho Faria (baixo), Fábio Schmidt (bateria, percussões e voz), Abraham Lincoln (teclados e trompete), além do apoio nos backing vocals da filha do artista, Julia Carvalho.

A apresentação terá clima de reencontro. “Fiquei vários anos sem gravar. Desde 1984. Foi só como convidado num show de Affonsinho, aqui em BH, em 2003, que a situação começou a mudar. A recepção foi tão calorosa que senti-me na obrigação de voltar. Nem eu sabia que estava com essa bola toda”, brinca. A participação acendeu uma chama em Tavito, que não demorou decidir retornar à cena artística. “Comecei a sentir vontade de dizer novamente minhas coisas. Mesmo distante dos palcos, nunca parei de compor. Porém, daí em diante só aumentou essa necessidade: tive novos parceiros e, no processo, surgiram músicas que são como resumos dos meus detalhes”, teoriza. Na época, ele fez um autoexame. “Percebi que os motivos de compor eram os mesmos de quando tinha 20 anos. Minha inocência e pureza diante da vida permanecem. Sou extremamente sonhador e otimista.”

Se depender do cantor, esse clima deve contagiar o show. “No palco, faço uma brincadeira a partir de minhas músicas. Só garanto uma coisa: as pessoas sairão melhores do que entraram.” Como trunfo, tem certa “atitude rock n’roll”, que nunca abandonou. “É uma posição mais positiva diante da vida. Sou roqueiro sempre”, diz ele, feliz com a fase atual. Vindo de apresentações por várias partes do país, Tavito fala que suas performances têm lotado sempre. “Tem dado até briga na porta para entrar”, diverte-se. Aos 60 anos, declara estar reafirmando uma posição na MPB que nem imaginava ter. “É bom se sentir recompensado pelas coisas que digo.”

Som Imaginário

Tavito tem em sua história ligações com o Clube da Esquina, movimento liderado por Milton Nascimento. Tem também parte da carreira formada na publicidade, profissão à qual se dedicou por muitos anos, produzindo jingles que estão na memória afetiva do público, além de trilhas para cinema, televisão, esportes e teatro. Foi ainda integrante do Som Imaginário, juntamente com Wagner Tiso, Fredera, Zé Rodrix, Robertinho Silva e Luiz Alves. Participou dos três discos da banda. Os álbuns solo que gravou daí em diante traduzem sua visão de Minas e de sentimentos universais. A carreira já começou com uma curiosidade: em 1968, conheceu na casa de um amigo o poeta e compositor Vinicius de Moraes. O artista se impressionou com o talento do jovem e o convidou para acompanhá-lo em shows em Belo Horizonte. A repercussão da parceria o levou para o Rio de Janeiro, onde as portas se abriram. Da Rua Ramalhete para o Brasil.




Tavito Conta Tudo ao Penninha* ( 5 de abril de 2010 )

Natural de Belo Horizonte (26 de janeiro de 1948), o cantor e compositor mineiro Tavito (Luís Otávio de Melo Carvalho) começou sua trajetória profissional no princípio da década de 70 na banda Som Imaginário (Zé Rodrix, Robertinho Silva, Wagner Tiso, Luís Alves, Naná Vasconcellos e Fredera). A banda foi criada primeiramente para acompanhar o cantor e compositor Milton Nascimento no show “Milton Nascimento, ah, e o Som Imaginário”. O grupo passou por várias mudanças de formação e lançou três discos. O disco Matança do Porco contou com os vocais de Milton.

Tavito se tornou nacionalmente conhecido pelos seus dois grandes sucessos: "Rua Ramalhete" (com Ney Azambuja) e "Casa no Campo" (com Zé Rodrix). Ele ganhou seu primeiro violão aos 13 anos. Autodidata, começou a participar de serenatas e festas. Foi companheiro de geração de Milton Nascimento e de outros músicos mineiros, tais como Toninho Horta, Tavinho Moura e Nelson Ângelo. Em 1965 conheceu Vinicius de Morais, que apreciou seu estilo e o convidou a participar de suas apresentações na capital mineira.

Tavito produziu discos de Marcos Valle, Renato Teixeira, Selma Reis e Sá & Guarabyra. Ele ficou sem realizar espetáculos entre 1992 e 2004, época em que se dedicou às composições, aos arranjos e à publicidade. Em 2009 lançou o CD Tudo.

Há um bom tempo ele não vê com bons olhos o mercado musical e a carreira de músico como algo promissor. Tudo isso por conta da banalização da arte musical.

1. TAVITO, GOSTARIA QUE VOCÊ FALASSE UM POUCO SOBRE O CD “TUDO”

T - O CD tem o nome que deveria ter; ele representa a leitura fiel das várias fases de uma vida meio longa, vivida com muita intensidade e atenção nos aprendizados. Digo no texto inscrito na contracapa que é um exame global de minha trajetória, feito através das lentes por onde eu me via aos vinte anos , em meio aos saltos mortais da juventude. O resultado é que os princípios estão lá – intactos.

2. VOCÊ REGRAVOU “RUA RAMALHETE” MAIS PRA LEMBRAR OS BONS TEMPOS? OU PRA MOSTRAR ÀS NOVAS GERAÇÕES UMA MÚSICA QUE MARCOU ÉPOCA?

T - "Rua Ramalhete" é uma canção muito marcada pela temática universal de seus versos. Todos os seres humanos, homens e mulheres, sem exceção, carregam dentro de si sua própria Rua Ramalhete. Vi uma boa oportunidade de me apresentar aos mais jovens fazendo um remix de atualização. Quem não tinha ouvido, agora ouvirá. Fiz a mesma coisa com “Aquele beijo”, outra canção muito significativa em minha vida.

3. SUA MÚSICA MANTÉM UMA RAIZ COMS OS ANOS 70 E AS PARCERIAS COM O ZÉ RODRIX OU VOCÊ JÁ ASSIMILOU AS NOVAS INFLUÊNCIAS?

T - Sou um cara de mil e uma influências. Isso porque sou publicitário, um confortável plano B profissional. Quem mais me marcou como influência não é quem parece. Sou um produto direto de minha própria avidez musical. No meu show, você ouvirá muito Rock’n Roll, mas também ouvirá baladas, canções, boleros, tangos e até hinos de futebol. Sem tragédias.

4. COMO É O SEU CONTATO COM O PESSOAL DO CLUBE DA ESQUINA?

T - Somos amigos, sempre. Somos interligados por um grande projeto artístico, talvez o mais rico que esse país atarantado já viu. Modéstia às favas, claro.

5. VOCÊ TEM PARCEIROS AQUI EM MINAS GERAIS? QUAIS OS SEUS PARCEIROS AQUI EM MINAS?

T - Tenho uma canção a doze mãos com o Bituca e os parceiros do Som Imaginário, chamada “Bolero”, gravada no disco “Matança do Porco”. Afora essa, nunca compus nada com meus amigos do Clube da Esquina. Infelizmente.

6. ATUALMENTE VOCÊ VIVE EM SÃO PAULO... POR ISTO VOCÊ TRABALHA MAIS COM O PESSOAL DAÍ?

T - Engano. Meus parceiros são de São Paulo, Rio, Recife, Curitiba, Fortaleza, Brasília e BH. Morei em BH 20 anos e no Rio toda a vida. Moro em Sampa apenas há quatro anos.

7. VOCÊ DESENVOLVE ALGUM TRABALHO COM O SONEKKA, DO CLUBE CAIUBI DE COMPOSITORES?

T - Nós temos alguns sonhos e projetos comuns, sim. Nunca compusemos nada, talvez por eu ser um letrista bissexto, aplicado em minhas próprias composições – e por ele não ser letrista.

08. O QUE VOCÊ ACHA DAS NOVAS TECNOLOGIAS COMO A INTERNET? ELAS AJUDAM A DIVULGAR MAIS OS TRABALHOS DOS ARTISTAS?

T - Essas novas plataformas de interação são um verdadeiro achado para agilizar contatos e obter resultados setorizados de mídia antes impossíveis de serem obtidos. Mas é necessário cautela, pois existe um forte processo de banalização em curso. Quando você é pouco exigido, sua tendência é o relaxamento estético. Você vê: se os militantes da MGB (Música Grossa Brasileira) já eram pra lá de perniciosos sem a internet, com ela tornaram-se avassaladores.

09. EU TENHO 02 PARCEIROS DE MÚSICA QUE INTERAGEM COMIGO PELA INTERNET... VOCÊ ACHA QUE COMUNIDADES COMO O CLUBE CAIUBÍ VIERAM PRA FICAR E AJUDAM O TRABALHO DOS ARTISTAS E COMPOSITORES?

T - O Clube Caiubi, brilhante idéia nascida há 8 anos dos miolos privilegiados do Sonekka, do Vlado Lima, da Lis Rodrigues, do Ricardo Soares, do Álvaro Cueva e de alguns mais, é uma das iniciativas mais brilhantes para objetivar e respaldar um núcleo de compositores e suas canções, díspares e desequilibradas entre si, mas construídas dentro de um padrão de honestidade e seriedade raras vezes visto. Com o site de relacionamento, multiplicou geométricamente seu potencial, contando hoje com uns cinco mil associados. Meu querido Zé Rodrix foi quem me apresentou ao movimento – e hoje me considero um deles, na boa.

10. O QUE VOCÊ ACHOU DE SABER QUE A SUA MÚSICA É TOCADA AQUI EM MONTES CLAROS, TERRA DO BETO GUEDES? VOCÊ GOSTARIA DE VIR TOCAR AQUI EM MONTES CLAROS?

T - Como já disse aí acima, o Beto é meu querido amigo. Fico feliz em ser tocado nas rádios da região. Conheço Montes Claros desde a adolescência, pois fiz parte de uma das hordas de maus estudantes de BH que vinham tirar seu diploma de segundo grau na cidade (economizávamos dois anos de estudo com essa manobra). O Sá, meu parceiro de vida, é casado com uma montes-clarense (é assim que se diz?) e sempre me dá as notícias das montanhas do norte. Se eu gostaria de tocar em Montes Claros? Mas é claro...

*Entrevista a José Geraldo Mendonça Júnior - Penninha

Nota: José Geraldo Mendonça Júnior ou Penninha, como é conhecido literariamente, nasceu em Montes Claros (MG). É economista, poeta e agitador cultural em Minas Gerais.

http://www.onorte.net/noticias.php?id=26877

[ Fonte: tudotavito.blogspot.com ]

[ Editado por Pedro Jorge ]


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